Mulher brava, protetora e controladora. Essa é a fama de “durona” que Maria Ribeiro , 37 anos, mantém em casa para educar os filhos, Bento, 3, de seu casamento com Caio Blat, 33, e João, 10, do relacionamento com Paulo Betti, 61. O que na verdade, ela diz, é só um disfarce para camuflar uma mãe “frágil e manteiga derretida”. “Sou a pessoa mais chorona e sensível do mundo. Mas prefiro a fama de durona”, brinca.
Em entrevista a QUEM, na coxia do Teatro do Leblon, no Rio de Janeiro, onde está em cartaz com a peça Um Sonho pra Dois, ela conta que, até os 30 anos, abriu mão da feminilidade para dar orgulho à família. “Para ser a mulher forte que eles queriam que eu fosse, não podia ter a coisa ‘mulherzinha’”, diz, sem arrependimento.
Maria conta que se escondia em roupas largas, devorando livros cabeça. “Era muito séria aos 20 anos. Só via cinema japonês”, recorda, aos risos. “Mas comecei a querer curtir a vida, a me achar bonita, a tirar foto de mim mesma. Coincidiu com a chegada do Caio na minha vida”, afirma, com brilho nos olhos. Além da peça, que marca duas décadas de carreira no palco, Maria também atua na série Copa Hotel e coapresenta o Saia Justa, ambos do canal pago GNT.
QUEM: Como se sente apresentando o Saia Justa?
MARIA RIBEIRO: Estar ali é uma realização. Lembro que falei para o Caio, há uns três anos, que adoraria fazer o programa. Sou formada em jornalismo pela PUC-RJ. Quando criança, queria trabalhar no Globo Repórter. O Saia é um programa que eu nasci para fazer, porque tenho opinião sobre tudo e não me preocupo em ser politicamente correta. De jeito nenhum quero essa responsabilidade de ser porta-voz de ninguém. Espero que minha experiência ilumine as pessoas de alguma maneira.
QUEM: Você é feminista?
MR: Nem um pouco. O feminismo foi importantíssimo, sou muito grata às feministas, mas tenho o maior bode do Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março). Se a gente precisa de um dia é porque a coisa não está legal.
QUEM: Na discussão sobre as biografias não autorizadas no Saia Justa (que foi ao ar há duas semanas) você preferiu não opinar. Teve receio de se posicionar?
MR: Fiquei assustada com o tom da discussão e não tenho muita vontade de debater naquele tom. Virou um Fla-Flu que não me interessa. Sou totalmente a favor das biografias, mas isso não é tão simples. Se não falasse nada grave a meu respeito, concordaria com uma biografia minha. Estou aí na vida. Não tem o menor problema, se acharem que sou alguém e que podem ter interesse na minha vida.
QUEM: Você tinha 21 anos quando se casou com Paulo Betti, 24 anos mais velho. Sentiu preconceito?
MR: Me apaixonei perdidamente, e a paixão era mais forte que o medo de sofrer algum preconceito. Aí, a gente foi em frente. Paulo sofreu porque tinha bastante vergonha pela situação. Se pudesse, ele não teria escolhido se apaixonar por mim.
QUEM: Você também tinha vergonha?
MR: Achava um mico um cara de 40 anos com uma garota de 20, era encrenca! Antes de me relacionar com ele, olhava casais assim e julgava. Eu tinha tanta preocupação que as pessoas não achassem que era interesse que fiquei reclusa. Foi o tempo em que menos trabalhei, pelo medo de pensarem que eu estava querendo aparecer. Paulo é fascinante, de esquerda. Para mim, que vim de família burguesa, foi um novo mundo.
QUEM: Depois você se envolveu com o Caio, que é quatro anos mais novo que você...
MR: Caio não é um garotão. O que mais senti foi ter alguém que conhecia as mesmas músicas que eu, tinha as mesmas referências de TV. Meus programas com o Paulo eram completamente iguais aos que tenho com o Caio, que é jantar, ir ao cinema. Realmente, a idade nunca pesou para mim. A transição foi suave.
QUEM: Você é agitada e diz que o Caio está ainda mais zen (ele interpreta o monge budista Sonan, na novela Joia Rara). Como é essa relação em casa?
MR: Às vezes, me irrita. Ele voltou do Nepal (onde Joia Rara teve cenas gravadas) com um sino. Uma vez, eu estava com uma dor de cabeça em casa, e ele falou que ia tocar o sino. Respondi: “Vai pegar um Tylenol para mim, porra!” (risos). O Caio é espiritualizado, ligado a religiões. Jamais esqueci o ensinamento budista que ele me passou: “Já cheguei até aqui”. No fim de semana, ele cuida do jardim. Tenho uma inveja tão grande disso! No dia em que eu conseguir ficar cinco horas num jardim...
QUEM: Como fazem para manter a paixão?
MR: Há momentos em que você está mais apaixonado, outros em que está mais ligado ao trabalho. A gente viaja muito, não tem rotina, mas mantém os espaços como casal. Caio é um cara interessado, curioso, bondoso, preocupado com o outro. Somos ligados em datas e a gente cuida do casamento. Participamos um da vida do outro.
QUEM: Você é mãe de dois meninos. Sonha com uma menina?
MR: Digo para as pessoas que eu adoraria ter uma menina, tenho esse sonho. Mas, secretamente, se eu fosse ter mais um filho, ia querer outro menino. Eu sempre fui próxima dos meus irmãos, e fui “macho” no sentido de bancar as coisas, ter opinião.
QUEM: E é isso que você ensina a seus filhos?
MR: Ensino que ninguém é melhor que ninguém. Se passo na rua e um cara diz “Gostosa”, eu falo “Vem cá, está falando comigo?”. Passo para eles que tem que ser de igual para igual, mas bem-educado. Sou brava, dura. Eu não mimo, superprotejo. Nunca bati. Sou controladora. Quando saímos para jantar, quero decidir o que todo mundo vai comer. Aí, vou à análise (risos). Acho que sou uma boa mãe de menino. Sou a pessoa mais chorona e sensível do mundo. Mas prefiro a fama de durona.
QUEM: O José Mayer te definiu, certa vez, como “uma velhinha de 21 anos”. Acha que rejuvenesceu aos 37?
MR: Sim. Vou ser uma novinha de 60! Dizem que os escorpianos nascem velhos e vão rejuvenescendo. Eu me levava muito a sério. Com 20 anos, só via cinema japonês no Estação Botafogo (cinema de arte do Rio). Agora, quero ver Cameron Diaz, adoro comédias românticas e ler revistas de celebridades.
QUEM: É nítido que você mudou o estilo, ficou mais vaidosa. Quando passou a ser mais “mulherzinha”?
MR: Até os 10 anos, eu morava no closet da minha mãe. Já adolescente, pensei “Vou ser inteligente e não tenho espaço para ser vaidosa”. Meu pai e meus irmãos tinham influência forte sobre mim. Eram pessoas inteligentes, fui cobrada. Eles diziam coisas como “Vou te ensinar a dirigir como homem...”, “Tem que ser forte na vida”. Acreditei que isso excluía a feminilidade, que para ser essa mulher forte não podia ter a coisa “mulherzinha”. E assim cresci. Mas depois comecei a ver que podia ser as duas coisas, com 30 anos. Perdi tempo indo à biblioteca e tive que ir muito ao shopping para compensar (risos). Comecei a querer curtir isso, a me achar bonita, a tirar foto de mim mesma. Coincidiu com a chegada do Caio na minha vida.
QUEM: Hoje, você se considera muito vaidosa?
MR: Não tiro maquiagem antes de dormir. Quando vou para Búzios (balneário na Região dos Lagos do Rio de Janeiro) fico sem me olhar no espelho, com monocelha. Não faço unha há um ano. Nunca fiz procedimento estético. Gosto de ter uma gordurinha. Faço pilates duas vezes na semana e me preocupo pra caramba em não comer tanto. A minha vaidade passa por estar bonita, mas também passa por ser inteligente.
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