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Documento bizarro da CIA ensina a "escapar do tempo e espaço"

Documentos muito esquisitos são guardados nesse prédio
Documentos muito esquisitos são guardados nesse prédio Reprodução/Instagram/CIA

A Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética levou os espiões ao limite, ao ponto das duas potências investirem dinheiro até nas pesquisas mais malucas possíveis. Uma série de documentos recentemente desclassificados da CIA nos mostrou coisas como "comunicação psíquica", "visão remota" e o preferido da web: um treinamento para "escapar dos limites do espaço-tempo".

O documento de 1983 descreve a chamada Gateway Experience, que teoricamente alteraria a forma como as ondas cerebrais são transmitidas, alterando a consciência e assim vencendo as barreiras da realidade. Aparentemente, isso fez muito sentido na cabeça de alguém.

Thobey Campion, escrevendo na revista VICE, fez uma análise dos documentos que dão contexto teórico para tais pesquisas, e uma timeline das investigações da agência de inteligência dos EUA nesse campo.

Segundo a documentação, o interesse no assunto começou com Robert Monroe, um executivo de rádio da década 50 que era um tanto obcecado pela chamada hipnopédia: a tentativa de fazer com que pessoas aprendam coisas durante o sono tocando sons ao lado delas.

A pesquisa de Monroe (posteriormente registrada e publicada em livros) chamaria a atenção da CIA após um relatório de espionagem da agência afirmar que os soviéticos estavam avançados no campo das pesquisas remotas e psíquicas.

Relatório secreto

O relatório é de autoria do misterioso tenente-coronel Wayne M. McDonnell, encarregado de pesquisas do tipo para o Exército — uma versão um tanto engraçada dessas pesquisas é o filme Os Homens que Encaravam Cabras.

O relatório vai ficando cada vez mais estranho e descreve três métodos para ajudar no processo: hipnose, meditação transcendental e biofeedback — um trio de termos científicos que estava na moda desde os anos 60.

Cada método (todos eles testados cientificamente com eficácia em certos estudos) se distingue um do outro, mas compartilha parte da linguagem teórica: palavras como "ondas cerebrais", "hemisfério esquerdo" e similares. Tais métodos seriam formas de estimular o cérebro a produzir resultados que "alterem a realidade".

No relatório, por exemplo, é descrito que o biofeedback feito adequadamente pode bloquear a dor, ansiedade e até suprimir tumores.

A ideia do método Gateway é simples: fazer com que as ondas cerebrais alcancem frequências e amplitudes iguais nos dois hemisférios. Esse estado é chamado de Hemi-Sync e poderia ser alcançado com diversos treinamentos, mas principalmente com quietude física e a audição de sons especiais — incluindo fitas lançadas por Robert Monroe — em fones de ouvido.

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Alguém no estado Hemi-Sync é capaz de entrar na sincronia das energias do Universo, alcançado conhecimentos singulares e alcança um tipo de super-intuição, chegando até a predizer eventos futuros. É o que diz o relatório, pelo menos.

Está bem, mas toda essa tranqueira serve exatamente para o que?

Para testemunhar o próprio fluxo de energia do Universo e, separado de nossa consciência, obter qualquer informação desejada. Em outras palavras: quem conseguir entrar no estado Hemi-Sync se tornará o maior espião da história da humanidade.

Um dos grandes problemas, segundo Wayne, é que espionar usando esse método causa o que ele descreveu como "distorção da informação". Isso diminui a confiabilidade de possíveis relatórios escritos por espiões Gateway. Outro problema é que o treinamento inicial era caro, demorava pelo menos oito dias e apenas um punhado de candidatos era aprovado.

E os resultados também não foram lá muito práticos e satisfatórios, ainda que Wayne dê muito crédito às bases teóricas de suas pesquisas e afirma que essa linha de pesquisa não deve ser totalmente descartada.

Stargate

De fato não foi descartada, uma vez que a DIA (Agência de Inteligência da Defesa, dos EUA) manteve um programa secreto chamado Projeto Stargate, que utilizou "espiões psíquicos" para obter informações secretas.

O programa foi criado em 1978 e encerrado em 1995. Um relatório da CIA classificou o programa como inútil e afirmou que as informações obtidas por ele eram "vagas, irrelevantes e errôneas".

E assim se encerra um capítulo muito bizarro da espionagem nos Estados Unidos.

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