Ratos e porcos podem respirar pelo ânus, e talvez todos os mamíferos consigam, segundo uma pesquisa recente. Para isso, é necessário alterar a estrutura de parte do intestino grosso e ventilar oxigênio pelo orifício retal.
O estudo foi publicado na revista Med no último dia 14, e buscava alternativas para o atual sistema de ventilação mecânica, que fornece oxigênio para os pulmões através da traqueia.
Ainda que o sistema de ventilação funcione bem, as máquinas utilizadas por ele nem sempre estão disponíveis., como demonstrou várias crises de saúde durante a atual pandemia de covid-19.
A inspiração da equipe de pesquisa da Tokyo Medical and Dental University, liderada por Takanori Takebe, foram os pepinos-do-mar e um peixe de água doce chamado dojô (Misgurnus anguillicaudatus), ambos capazes de respirar com o intestino.
Pesquisas anteriores para tentar descobrir se os mamíferos podem fazer o mesmo, realizadas nas décadas de 50 e 60, foram consideradas inconclusivas.
Sobrevivência com pouco oxigênio
Para descobrir se mamíferos poderiam fazer o mesmo, os pesquisadores colocaram os ratos em ambientes com pouco oxigênio e descobriram que eles eram capazes de sobreviver por cerca de 11 minutos.
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Com a ventilação no ânus, 75% deles sobreviveu por cerca de 50 minutos. Com o uso de uma solução líquida oxigenada (perfluorodecalina), os resultados se mostraram ainda melhores, tanto em ratos quanto porcos.
A equipe ressalta que ainda são necessários vários outros testes para saber se humanos são capazes de fazer o mesmo e se é seguro fazê-lo.
Mudanças intestinais
Antes dos testes, os cientistas identificaram possíveis motivos para os dojôs conseguirem fazer a "respiração intestinal", o que envolve mudanças na estrutura do tecido intestinal.
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Quando os peixes estão em ambientes com pouco oxigênio, o tecido intestinal próximo ao ânus fica com mais densidade nos vasos sanguíneos e diminui a presença de fluidos intestinais.
Mamíferos não fazem o mesmo naturalmente, então os cientistas simularam as mudanças, com o uso de produtos químicos e alguns procedimentos mecânicos. Os ratos que foram submetidos aos procedimentos em poucos não deram mais sinais de falta de oxigenação: os batimentos cardíacos normalizaram e a pressão sanguínea voltou a índices de ambientes comuns.
Nos testes com ratos e porcos, os procedimentos não demonstraram ter efeitos colaterais. A preocupação principal dos pesquisadores é com as mudanças químicas artificiais no intestino, que podem ser perigosas para pacientes em estado grave.
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