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Atleta enfrenta perigos na travessia pelo lugar mais mortal da Terra

Todos os dias, Colin O'Brady dava um beijo de despedida em sua esposa Jenna e ia trabalhar. Mas não se engane, seu trabalho não é nada convencional e envolve superar os próprios limites diariamente

*Estagiária do R7, sob supervisão de Filipe Siqueira

Ele dedicou sua vida a se tornar um dos maiores atletas de resistência da história. Seus primeiros triunfos foram no circuito de triatlo, mas o que Colin realmente queria fazer era desbravar o lugar mais mortal do planeta

Ele sonhava em atravessar a Antártica. Com temperaturas caindo abaixo de -48°C e quase nenhuma água potável, o continente representava um desafio inimaginável até mesmo esse aventureiro experiente

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A intenção era ir sozinho, missão que nunca antes foi realizada com sucesso. Todos os alpinistas solitários até então haviam morrido durante a travessia e sua família estava muito preocupada com tal decisão 

O explorador britânico Henry Worsely tentou a jornada solo em 2016 e morreu a 48 quilômetros da linha de chegada. O que tornou essa perda ainda mais preocupante foi o fato de Henry ser um dos maiores exemplos de Colin

Poderia o jovem de 33 anos ter sucesso onde até mesmo seu professor falhou? Colin acreditava que a resposta dependia totalmente de sua preparação. Para atravessar mais de 1000 km traiçoeiros, ele precisaria estar o mais bem preparado possível

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Além de ganhar mais músculos, ele precisava descobrir a exata quantidade necessária de equipamento. Em uma expedição em equipe, os membros poderiam compartilhar a carga de equipamentos. Mas ao carregar tudo sozinho, é preciso fazer alguns sacrifícios 

Ele recolheu o essencial e amarrou todos os seus suprimentos a um trenó, que pesava 170 kg. Colin estava pronto, e seu maior rival também

Ele não seria o único aventureiro que tentaria a jornada antártica em 2018. Louis Rudd, um veterano do exército britânico que já havia atravessado o continente gelado com um grupo, também estava buscando o recorde. Os dois competidores compartilharam uma carona rumo ao sul

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Mesmo assim, Colin estava otimista no início, ele ficou feliz por ter um concorrente pressionando-o. Mas a dura realidade de caminhar pela Antártica logo se instalou e a a paisagem implacável os separou quase imediatamente

O atleta tinha semanas, senão meses, de marcha lenta à frente. Seu foco tinha que estar nítido a cada segundo. Se perdesse o controle dos bastões, poderia sofrer uma queda que o faria rolar ladeira abaixo ou mergulhar em uma piscina gelada

Também não havia confortos. Colin matava sua sede com a água da neve derretida. Todas as manhãs, ele precisava se aliviar rapidamente em um buraco, antes que o frio congelasse suas partes baixas

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Dormir também não era fácil. Após 12 horas de caminhada, ele lutou com o vento para montar sua barraca, que quase explodiu em mais de uma ocasião. Seu luxo era um telefone via satélite, único modo de contatar a esposa 

Ela ouvia Colin relatar suas lutas todas as noites, muitas vezes chorando. Jenna ficou surpresa com o quão miserável estava o seu marido. Parte dele queria desistir e ir para casa antes de ser derrotado pelo rival — ou pelo frio

Outro fator preocupante era sua constante perda de peso. Apesar de uma dieta de barras de proteína personalizadas e jantares cheios de nutrientes, ele estava ficando mais magro e fraco


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No deserto do Ártico, um dia Colin sentiu a necessidade de se aliviar, e acabou se borrando nas calças. A pior parte foi a descoberta de que sua incrível mochila não continha nenhuma roupa íntima

Mesmo todo desmoralizado, ele seguiu com os fundilhos sujos. A paisagem implacável estava começando a desgastá-lo, pois ele se sentia como uma "rolha flutuando no meio do oceano, ou um grão de areia na praia". Ele pensou em pedir ajuda

No entanto, sua obstinação não o deixaria desistir. Colin foi até lá para mostrar o que um indivíduo determinado poderia realizar, e seu mantra "você é forte, você é capaz" o manteve indo adiante até o esgotar suas forças

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Ele mal podia acreditar quando sua jornada solo acabou, depois de 54 dias. Na hora ligou para Jenna para contar sua vitória e uma outra boa notícia

Ele venceu Louis Rudd por dois dias! Depois de regressarem, os rivais comemoraram o feito com cervejas e hambúrgueres, além de histórias de suas respectivas lutas. Ambos sabiam que tinham sorte, dada a história de desastres que atingiram expedições polares

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